Sim, há mais de um Michael Jackson relevante na história recente da civilização ocidental. Este, no caso, não cantava e nem bebia Pepsi: ele bebia cerveja.
Falecido há exatos 10 anos neste 30 de agosto de 2017, era com esse típico humor inglês que o jornalista se apresentava na série de televisão Beer Hunter, exibida pelo Discovery Channel pela primeira vez em 1989. Em seis episódios – que podem ser assistidos com legendas em português no Youtube – Mr. Jackson condensou duas décadas de trabalho dedicadas ao mundo da cerveja.
Com mais de 10 livros escritos sobre o tema, ele é considerado uma das principais influências para o renascimento da cultura cervejeira na Europa e nos Estados Unidos. Sabe todos aqueles estilos? Lager, Stout, IPA, Bock, Tripel, Blonde Ale, Pale Ale, Lambic, Strong Golden Ale? Foi ele quem primeiro catalogou, organizou e popularizou o conceito, hoje básico para quem quer estudar ou entender melhor o assunto, para os concursos que premiam as melhores do mundo e, também, para ajudar você a decidir o que vai beber esta noite. Só isso.
Semana passada chegou dos Estados Unidos meu primeiro livro de Michael Jackson. É uma edição antiga, de 1991, do The New World Guide To Beer, que introduziu o jornalista com honras ao universo cervejeiro em 1977. Será lido com satisfação e respeito.
Sendo jornalista e, agora, prestes a me formar como sommelier de cervejas, me tornei fã de Jackson assim que conheci os vídeos do Beer Hunter. Além da série, os artigos compilados após sua morte no site Beer Hunter sempre foram, para mim, fonte excepcional de conhecimento sobre a história da bebida. Misturando doses de ironia e humor com informação precisa e detalhada, Mestre Michael torna cerveja um assunto ainda mais interessante, fonte de cultura e história.
É com esse ponto de vista que eu me vejo escrevendo não somente sobre cerveja, mas gastronomia como um todo: um elemento econômico ou sensorial, mas também cultural e social. Receitas, ingredientes e estilos de cerveja são espécies de crônicas sobre a humanidade, sobre quem somos. Em Santa Catarina, onde eu vivo, e pelo mundo afora, há muita história assim para contar.